Cirurgia Robótica para o Prolapso Genital (“BEXIGA CAÍDA”)

Uma das causas de maior prejuízo na qualidade de vida das mulheres, sobretudo àquelas que deveriam estar no justo desfrute da terceira idade, é o surgimento de uma cistocele – popularmente conhecida como “bexiga caída”.

Classicamente percebida pela mulher como um abaulamento ou desconforto na vagina, o prolapso vesical pode ser também acompanhado de estruturas anexas do períneo feminino, como o útero ou o reto. Ademais, pode ou não também se manifestar com incontinência urinária ou fecal de difícil controle.
Vários fatores predispõem à fraqueza do assoalho pélvico permitindo assim a “descida” dos órgãos que deveria sustentar: múltiplas gestações, partos difíceis, idade avançada e cirurgias prévias, entre outros. Resumidamente, tudo que leva à distensão excessiva dos músculos e ligamentos pélvicos pode torná-los flácidos e incompetentes em manter as estruturas perineais em suas devidas posições.

Com o aumento da expectativa de vida acredita-se que haverá um aumento dos casos sintomáticos de prolapsos genitais, visto que estes estão diretamente relacionados ao aumento da idade. A prevalência de ao menos um distúrbio do assoalho pélvico na população americana é de 23,7% e aumenta mais de 50% se considerarmos mulheres acima de 80 anos. Nesta idade, uma em cada 5 mulheres tem a probabilidade de ser submetida à cirurgia para correção de prolapso genital (Hallock e Handa, 2016).

Utilizando a taxa de prevalência obtida a partir do Pelvic Floor Disorders Network (PFDN), Wu at al. estima que entre o ano de 2010 e 2050 ocorrerá um aumento de 46% no número de mulheres com prolapso genital. O número de mulheres com ao menos um distúrbio do assoalho pélvico aumentará de 28,1 milhões para 43,8 milhões neste mesmo período (Wu et al. 2009).

CIRURGIA ROBÓTICA: SACROCOLPOPEXIA

A correção cirúrgica para o prolapso dos ógãos pélvicos sempre se mostrou um desafio para a comunidade médica, especialmente em sua recorrência.

Uma das maneiras muito conhecida e até recentemente muito utilizada na tentativa de sua correção foi o uso de telas comerciais que simulassem a anatomia habitual das fáscias e ligamentos pélvicos. Porém, no ano de 2016, o U.S. Food and Drug Administration (FDA) liberou um aviso para os fabricantes e público em geral reclassificando a indicação dessas telas. Recentes recomendações do American College of Obstetricians an Gynecologists e a American Urogynecologic Society sugerem a restrição do seu uso a pacientes de alto risco, treinamento do cirurgião com o dispositivo a ser utilizado, consentimento informado e a necessidade de vigilância contínua das pacientes (Richter e Sokol, 2016).

Assim, uma alternativa para a correção dos prolapsos de maneira segura, eficaz e minimamente invasiva ganhou força com a popularização da cirurgia robótica.
A técnica consiste basicamente em ancorar a cúpula vaginal no resistente ligamento longitudinal anterior do osso da bacia (sacro). Foi primeiramente descrita em 1962 por Lane e cols. e amplamente difundida nos anos seguintes.

Atualmente diversos estudos têm demonstrado sua elevada eficácia, considerado por alguns autores como o “padrão ouro” no tratamento do prolapso apical: 71% a 76% das mulheres permanecem sem sintomas após a cirurgia e somente 5% necessitam reoperação em 7 anos (Richter e Sokol, 2016).
Assim, devido ao reconhecido sucesso da técnica desde então e amparada pelo crivo inapelável do tempo, a sacrocolpopexia foi transposta da via cirúrgica aberta para a robótica a fim de torná-la menos agressiva ao passo que mantém seus ótimos resultados funcionais.

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