Existem diferentes causas para a perda de urina tanto em mulheres como em homens. A incontinência urinária é um problema não apenas físico mas também que afeta de sobremaneira o bem-estar emocional e psicológico, levando muitas vezes o indivíduo a restringir suas atividades sociais do dia a dia.
Entretanto uma boa notícia: independente da etiologia da incontinência urinária todas elas têm tratamentos específicos que tiveram enorme evolução nos últimos anos com o desenvolvimento de tecnologias e dispositivos para esse fim.
O que é incontinência urinária
De maneira simplificada, é a perda involuntária de urina pela uretra.
É uma condição clínica freqüente que afeta principalmente as mulheres: conforme a Sociedade Brasileira de Urologia aproximadamente 35% delas com mais de 40 anos de idade sofrem desse transtorno em maior ou menor grau.
Porém esse distúrbio pode também afligir os homens, especialmente àqueles submetidos a cirurgias pélvicas radicais ou radioterapia.
Tipos de incontinência urinária
Didaticamente, classificamos a incontinência conforme sua sintomatologia em três subgrupos:
IU de esforço
Perda miccional quando realizado esforço físico (correr, tossir, espirrar). Relacionada principalmente à flacidez do assoalho pélvico, bastante observada em mulheres pós-menopausa e multíparas (vários partos prévios).
IU de urgência
Perda miccional acompanhada ou precedida por desejo premente de urinar. Habitualmente relacionada com contrações involuntárias da bexiga (“bexiga hiperativa”).
IU mista
Quando características das duas condições acima estão presente no quadro clínico, seja em maior ou menor grau.
A diferenciação entre os subtipos de incontinência e mesmo o diagnóstico da sua presença é essencialmente clínico. Porém, muitas vezes lançamos mão do Estudo Urodinâmico como exame complementar. Ele oferece maior elucidação quanto a natureza das perdas miccionais, orienta a terapia e possibilita predizer o grau de sucesso do tratamento.
Tratamento para Incontinência Urinária
Quando possível indicamos tratamentos conservadores para as perdas miccionais involuntárias. Conforme o caso orientar tratamento fisioterápico dirigido ao assoalho pélvico, com grau de melhora variável.
Existem também remédios disponíveis com eficácia comprovada na contenção de urina, especialmente nos casos de bexiga hiperativa. Ainda nesses pacientes, em casos refratários, podemos ainda lançar mão desde injeções intravesicais (p. ex. Botox®) até tratamentos mais sofisticados, como a neuromodulação sacral.
Finalmente, nos casos mais drásticos, em especial associado a perdas urinárias aos esforços severas ou distopia genital (p. ex. cistocele – “bexiga caída”), indica-se o tratamento cirúrgico.
Hoje em dia, com a evolução no tratamento dito minimamente invasivo com uso de dispositivos especiais, realiza-se o procedimento operatório por via perineal com excelentes resultados. Essa evolução no tratamento trouxe um gigantesco ganho estético e funcional comparado às antigas cirurgias praticadas, com um mínimo de desconforto aos pacientes.
Telas (Slings) para tratamento da incontinência urinária
Quando o tratamento conservador falha, é possível indicar o implante de sling na uretra (canal por onde passa a urina e que liga a bexiga ao meio externo). Esse terapia minimamente invasiva nada mais é do que a introdução de uma fita de polipropileno (ou de tecido do próprio corpo do paciente) abaixo da uretra, por via perineal, com o objetivo de aumentar a resistência uretral e reduzir a perda de urina.
Eles podem ser indicados tanto em homens como mulheres e hoje em dia é possível realizá-los em regime ambulatorial (alta no mesmo dia). O implante de sling sintético proporciona a melhora da incontinência urinária em 70 a 90% dos casos.
Esfíncter artificial como tratamento para incontinência urinária
O esfíncter urinário é um músculo de fibras circulares localizado imediatamente abaixo do colo vesical que abre e fecha fazendo o controle da passagem de urina.
Quando o esfíncter urinário deixa de funcionar como deveria, é possível fazer a inserção de um esfíncter artificial para fazer o controle da micção – esse procedimento é indicado para pessoas que perderam total ou parcialmente o controle do xixi e que são refratárias a medidas outras mais conservadoras.
Trata-se de um dispositivo implantável de silicone sólido que simula a função do esfíncter de maneira natural, abrindo e fechando a uretra sob o controle voluntário do paciente. Como no caso dos slings sintéticos, essa cirurgia pode também ser realizada tanto em homens quanto em mulheres.